Celso Queiroz (foto), sócio-diretor da RC Soliz, diz que as empresas pesquisadas representam universo de R$ 170 bilhões de faturamento, 8 milhões de toneladas/ano de carga e R$ 3,5 bilhões em fretes. Para dar noção de grandeza, com o faturamento dessas empresas seria possível construir 340 km de linhas de metrô, lembrando que o sistema metroviário de São Paulo, o maior do País, tem pouco mais de 78 km.
Já a carga transportada seria equivalente a 320 000 carretas, ou perto 1000 carretas de mercadoria por dia.
É um cenário de dificuldade dos dois lados: as transportadoras estão em sérias dificuldades e os embarcadores, que já tiraram o pé no primeiro semestre, pretendem endurecer a negociação nesta segunda parte do ano. Além disso, reclamam da qualidade dos serviços.
A pesquisa foi feita somente com empresas (68 no total) que fazem distribuição em todo Brasil, com executivos em nível de Diretoria e alta Gerência e que respondem pela direção do sistema de distribuição de suas empresas.
A radiografia mostra que o sistema brasileiro de distribuição é ruim e caro. Com prestadores de serviço com baixa capacidade de inovação e baixo uso de tecnologia. Prazos de entrega instáveis com frequentes atrasos e preços altos caracterizam o serviço de Transporte e Distribuição de carga no país.
A pesquisa mostra que nossa distribuição está a caminho de um impasse onde, de um lado, os transportadores pagam 50% mais caro do que pagariam nos EUA, e ao mesmo tempo, as empresas brasileiras de transporte amargam margens baixíssimas e prejuízos crônicos. Como resolver o impasse? Quem paga não aguenta mais pagar tão caro e quem recebe não aguenta mais receber tão pouco.
Para o presidente da Abralog, Pedro Francisco Moreira (foto), trata-se, certamente, da maior pesquisa sobre transporte e distribuição realizada na indústria e no comércio brasileiro e identifica quem são os principais embarcadores de carga no Brasil, o que eles desejam de suas transportadoras, o que pensam delas, como esses embarcadores estruturam sua logística e o que pretendem nos próximos meses. Além disso, o levantamento, explica Pedro Moreira, aponta tendências a médio e logo prazos.
DEPOIMENTOS
CILENEU NUNES, PRESIDENTE DA ZATIX - Fantástico, material de muito boa qualidade, pesquisa feita com base de dados expressiva e a análise desses dados foi feita com profundidade. Uma surpresa muito agradável e estão de parabéns tanto a Abralog quando a GKO Frete e a RC Solis. Esse tipo de iniciativa é muito interessante para a Associação, pois o que se viu foi uma excelente troca de informações, as perguntas foram muito pertinentes. Esse é o papel da entidade.
ERNESTO JUNIOR LONGHINI, GERENTE DE RECEBIMENTO E DISTRIBUIÇÃO DA BRIDGESTONE - A pesquisa é extremamente interessante para mostrar a tendência dos embarcadores, e também para confirmar aspectos que temos no nosso dia a dia. Nós sentimos muitas vezes dificuldade da maior integração com o transportador, sentimos esse problema da dificuldade tecnológica do transportador e muitas vezes achamos que isso é só com o nosso setor, e que isso é um problema nosso, mas quando você tem uma pesquisa como essa, você vê que é inerente a todos os segmentos. Os embarcadres estão demandando realmente novas opções, mais informação, mais qualidade, para conseguir atingir cada vez mais profundamente o mercado. Esse é o grande desfio de todo mundo.
FÁBIO WINK, COORDENADOR DE TRANSPORTES DA LIVRARIA CULTURA - Achei um evento muito bom, abrangente, e o debate que foi gerado da mesma forma foi interessante, pois reuniu embarcador e transportador. Penso que num outro momento poderia ser feita também pesquisa com o transportador, trazer o que ele está pensando, o que acham e o que esperam. A opinião do embarcador é importante, porque ele dita o ritmo, somos nós que vamos escolher quem vai carregar nossa carga, mas o prestador, dependendo do nível que tiver no mercado ele também pode escolher que carga vai pegar, ou se definir por um determinado mercado. Uma pesquisa dessa magnitude do lado dos transportadores seria útil também para nós embarcadores, pois aprofundaria o nível de informações. A apresentação foi sensacional, abrangeu tudo e falou claramente aquilo que estamos sentindo do mercado também.
PEDRO FRANCISCO MOREIRA, PRESIDENTE DA ABRALOG - Foi um evento de altíssima qualidade, tanto pelo nível de profundidade em que a pesquisa foi realizada, como pelo debate, que revelou uma forte interação com o público, mostrando o interesse em enfrentar o momento difícil. É comum ficarmos reclamando do governo, das lideranças, mas se viu aqui que grande parte da redução do Custo Brasil passa pela redução da Ociosidade Brasil, Assim, há espaço para otimizar fluxos, eliminar espaços mortos nos transportes e
diversos modais. Há oportunidade para que as empresas trabalhem de
forma colaborativa nesse sentido". Avaliamos ter sido um ótimo começo para a série de seminários, que daqui a um mês oferecerá encontro debatendo a rastreabiliade na indústria farmacêutica.
RODRIGO BACELAR, GERENTE COMERCIAL DE RETAIL E CONSUMER DA PENSKE LOGÍSTICA - Evento interessante que abordou pontos importantes do cenário atual do País e na apresentação ficou claro que os operadores logísticos e os prestadores de serviço vão ter de se reinventar, criar uma proximidade maior com os embarcadores, já que os custos e o nível de qualidade nas entregas vão merecer grande discussão; cada vez mais a entrega é muito importante, assim como a redução do transit time. As empresas vão ter de investir muito em tecnologia. Será um grande aprendizado esse período de vacas magras da economia.
RODRIGO AROZO, SÓCIO-EXECUTIVO ILOS, BENS DE CONSUMO - Muito bom o evento, foi uma oportunidade de se debater, pois havia o embarcador e o prestador de serviços. Havendo uma pesquisa para trazer informações, a discussão fica muito mais rica. Nesse momento de crise em que estamos é sempre muito importante compartilhar essas informações e essas percepções de mercado.