A CRISE LOGÍSTICA BRASILEIRA
Não temos dúvidas:
vivemos um dos piores momentos
logísticos do Brasil e parece
claro que sem um esforço conjunto dos principais setores do mercado e do
governo, dificilmente sairemos dessa situação sem graves consequências.
Conhecemos o esforço e sofrimento dos caminhoneiros,
pois junto com eles o setor de transporte amarga há muitos anos dificuldades de
mercado agravadas por ações governamentais com impacto direto nos custos. Esses fatores em conjunto produziram
um cenário que reduziu a competitividade e a capacidade de
investimento, conduzindo ao estado que vivemos hoje.
Pior do que isso, começamos com uma paralisação
contra os aumentos diários dos combustíveis que evoluiu para malabarismos no
frete, com disparates como anunciar uma tabela, desconsiderá-la alguns dias
depois, montar uma segunda e em horas torná-la sem efeito mais uma vez.
Na verdade, não existe hoje uma
posição consensual mínima para superar a crise, pois o governo busca no momento negociar com quem não tem a capacidade
de fornecer alguma saída. A situação é clara: o governo tem de buscar saída com
o mercado e os principais representantes do setor logístico.
O pano de fundo dessa crise é uma infraestrutura
arcaica, processos burocráticos e ineficientes, um mercado altamente exigente e
pouco compreensível aos acréscimos de custos oriundos das restrições
operacionais (complexidade fiscal, trânsito, legislação, ações judiciais e
tantos outros).
Se o caos da paralisação e o prejuízo ao redor
dos R$ 40 bilhões divulgado pela mídia e antecipado pela Abralog não
foram suficientes para um alerta geral, resta torcer para que o desalinhamento
que vem sendo observado na economia nacional seja capaz dessa chamada à
realidade.
Insistimos: só a reunião dos diversos setores do
governo envolvidos na questão, mais embarcadores, varejo, atacado,
transportadoras, operadores logísticos e entidades de classe pode concretamente
tentar trazer a normalidade de volta. Uma "normalidade” que era
imperfeita, mas que estava funcionando sem riscos de ruptura.
O Brasil parece que compreendeu a real importância
da logística pelo caminho mais doloroso, o do desabastecimento. Os
logísticos sabem o quando podem contribuir para que se possa sair dessa crise -
e os caminhos que devem ser trilhados para a retomada do crescimento econômico
, que passa necessariamente pela logística e construção da infraestrutura que
nos falta. Depende só de fazer um mínimo de ações corretas, sem
amadorismos.
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