EM TEMPO DE CRISE, TIRE O S
Já diziam que "em tempos de criSe, retire o ‘S’ e crie”. Entretanto podemos acrescentar que, não em função da crise econômica, mas também em qualquer ambiente macroeconômico competitivo, a criação e a inovação são elementos de sobrevivência empresarial e fidelização de clientes.
Com a queda da produção industrial em função do crescimento da inflação e da taxa de juros, as empresas também têm sido obrigadas a enxugar suas estruturas e instalações, quadro de funcionários e, principalmente, os níveis de estoque. Como consequência, o mercado de logística também sofre uma vez que há menos carga para armazenar e para transportar.
Além disso, os custos operacionais dos operadores logísticos também são afetados com a inflação, preços dos combustíveis, pedágio, dissídios salariais e novas regulamentações. Isso ocasiona um choque entre, de um lado, o aumento de custos e, de outro lado, a pressão da indústria por tarifas de armazenagem e frete menores.
Para o operador logístico esta situação beira o impasse econômico e a insustentabilidade do negócio. Já a indústria enfrenta a impossibilidade de reduzir esse item de custo tão importante na composição de preços. Com isso, não resta outra alternativa senão os elos da cadeia de suprimentos se unirem cada vez mais e colocarem em prática o conceito de "colaboração”. Mas em que sentido? No sentido de um entender o impacto de sua atividade na atividade do outro.
De tomar decisões assertivas para evitar prejuízos no restante da cadeia. De buscar soluções setoriais e compartilhadas para problemas comuns. De utilizar recursos materiais, humanos e financeiros com prudência, zelo, parcimônia e equilíbrio. De assumir o hábito de economizar e gastar somente com o essencial.
De cuidar de fato dos resíduos, desde a coleta seletiva até a destinação adequada.A arte da Logística, por sua vez, proporciona em sua essência todos esses requisitos, uma vez que não se faz logística sem se buscar eficiência nos processos e nos recursos. Por esta razão, a indústria e as empresas de serviços cada vez mais se conscientizam em ter um operador logístico como parceiro de seu negócio e extensão de sua cadeia de suprimentos e de distribuição.
A visão multidisciplinar, a experiência compartilhada em diversos setores e a busca incessante por resultados que possuem os profissionais de Logística, visam a satisfazer as necessidades da cadeia vão ao encontro do maior objetivo de todos: deixar o cliente satisfeito com o serviço prestado e o produto adquirido.
Já o cliente, cada vez mais se mostra sensível não só ao "menor preço”, mas a uma ponderação entre preço e qualidade, assumindo a preferência pelo "melhor preço” numa análise de "custo total”. O cliente já começa a enxergar valor agregado, diferenciando produtos e serviços, e os melhores fornecedores, o que sugere uma fidelização e a construção de uma parceria positiva em que todos ganham: o fornecedor, a indústria, o operador logístico e o atacadista, o varejista, os clientes, a sociedade e o meio ambiente. Assim, com colaboração, a sensação de crise pode ser atenuada.
Mauro Henrique Pereira, executivo na área de Supply Chain Management, consultor para projetos de logística, ecoeficiência e sustentabilidade, sócio-diretor da Boidak Logística e Transportes (www.boidaklog.com.br) e Membro do Conselho Deliberativo da Abralog, Associação Brasileira de Logística.
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