HIDROVIA ALAVANCA LOGÍSTICA
A
reabertura da hidrovia Paranaíba-Tietê-Paraná é muito mais que a
retomada da navegação de comboios de barcaças entre o porto de São
Simão, no extremo Sudoeste do Estado de Goiás, e o terminal
intermodal da cidade de Pederneiras (SP) para a transferência da
mercadoria para trens cargueiros que seguem em direção ao Porto de
Santos (SP). Enquanto soma-se aos modais rodoviário e ferroviário,
o modal fluvial impulsiona fortemente a consolidação do Polo
Logístico de Anápolis, no centro geográfico do Brasil, a apenas
1.300 quilômetros de 70% do PIB brasileiro, segundo maior corredor
nacional para investimentos, depois de Rio e São, com mercado de 10
milhões de consumidores.
Com a sinalização de melhorias e
conservação das rodovias BR-153 e BR-060 privatizadas e a conexão
das ferrovias Centro-Atlântica e Norte-Sul operacionais, somadas à
reativação do porto de São Simão, na dependência da conclusão
das obras do Aeroporto Internacional de Cargas, Anápolis caminha
para a integração dos modais de transporte rodoviário,
ferroviário, aéreo e fluvial com os referenciais estratégicos
estruturantes, diferenciais competitivos articulados e potenciais
atrativos interligados do maior polo logístico do interior do
Brasil.
O transporte de mercadorias das regiões Centro-Oeste
e Norte por hidrovias, até Pederneiras, rumo aos portos do
Sul/Sudeste, favorece a economia do Estado de Goiás, especialmente
de Anápolis, por conta do esperado crescimento do Porto Seco Centro
Oeste, destinado a desembaraçar e diminuir o custo e o tempo para
importação e exportação. Tanto o início da operação comercial
da Ferrovia Norte-Sul, que tem ramal no Daia, quanto a reativação
da via fluvial de São Simão potencializam a Eadi – Anápolis, que
abrange praticamente toda a Região Centro-Oeste, o norte de Minas
Gerais, Pará e Maranhão.
Não bastasse a redução dos
índices de acidentes e de poluição, com a retirada de circulação
um grande contingente de veículos pesados das estradas,
contabiliza-se a importância da reativação da hidrovia
Paranaíba-Tietê-Paraná, que movimenta R$ 10 bilhões por ano em
produtos de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Paraná e São Paulo. Em operações que demandam o trabalho de
poucas dezenas de marinheiros, a via transporta anualmente seis
milhões de toneladas. Para levar a mesma quantidade de grãos por
rodovias seria necessário mobilizar 200 mil caminhões.
Em
comparação com os outros modais, a hidrovia se viabiliza pela
movimentação de grandes cargas a preços reduzidos. Um comboio
fluvial, formado por quatro chatas e um empurrador, leva seis mil
toneladas de carga por viagem, enquanto no transporte de uma tonelada
de carga, a distância percorrida com um litro de combustível é de
220 quilômetros pela hidrovia, 85 quilômetros por ferrovia e 25
quilômetros pelo modal rodoviário. Some-se a isso a economia
superior a 30% no preço do frete praticado no Brasil, fator que
representa diminuição de custo e consequente aumento de renda para
os produtores.
Por mais que a hidrovia seja conhecida como
"Tietê-Paraná” agora não se justifica mais deixar de
chamá-la de "Paranaíba-Tietê-Paraná”. Afinal, ela começa
em São Simão, no Rio Paranaíba, em Goiás. (Por Manoel Vanderic,
Diário da Manhã, Goiânia)
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