Fusão foi aprovada pelo Cade na quarta-feira(11)
A fusão entre a concessionária América Latina Logística (ALL) e a 
operadora Rumo, do Grupo Cosan, ajudará a aumentar a participação do 
modal ferroviáriono transporte de cargas no Porto de Santos. Esta é a 
visão de especialistas no setor, que agora esperam novos investimentos 
em linhas férreas e que os terminais instalados do cais santista se 
preparem para receber mais mercadorias em vagões.
	A criação da nova companhia foi aprovada pelo Conselho Administrativo 
de Defesa Econômica (Cade) na última quarta-feira(11). Ela nasce com 
12,9 mil quilômetros de malha ferroviária, 19 milhões de toneladas de 
capacidade de elevação no Porto de Santos, 966 locomotivas, além de 28 
mil vagões e 11,7 mil funcionários diretos e indiretos. O foco será o 
transporte de grãos (soja e milho), açúcar, cítricos, celulose, 
fertilizantes, manufaturados e combustíveis.
	Apesar da aprovação, o Cade impôs uma série de restrições para permitir
 a criação da empresa. Uma delas é que deverá haver uma comunicação 
clara sobre a capacidade ociosa na ferrovia para terceiros–concorrentes 
da Cosan nos mercados de transporte de açúcar e combustíveis – ocuparem o
 espaço.
	O tratamento para as mercadorias dessas outras empresas deverá ser 
igualitário. Isto demandará a criação de um painel informando horário, 
velocidade e entrada da carga na ferrovia operada para evitar "furadas 
de fila” que favoreçam a Cosan. Além disso, nos dois terminais de açúcar
 operados pela Rumo no Porto de Santos, 45% da capacidade de armazenagem
 deverá ser cedida a terceiros.
	"O que se espera a partir de agora é que essa nova empresa recupere a 
capacidadede investimento nas ferrovias. Eas restrições impostas 
garantem que esses investimentos e ampliações sejam usados em benefício 
do Porto de Santos, com a utilização de percentuais para terceiros”, 
destacou o secretário Assuntos Portuários e Marítimos da Prefeitura de 
Santos, José Eduardo Lopes.
	Para o consultor portuário Sérgio Aquino, qualquer ação que seja feita 
para fortalecer as operações ferroviárias no Porto é sempre bem-vinda. 
"A experiência das empresas que se fundiram sinaliza resultados 
positivos. Programas de investimentos em logística já se defendiam. 
Agora, é necessário aguardar”.
	Equilíbrio da matriz
	No ano passado, apenas 24,69% das cargas transportadas entre o complexo
 santista e o interior do País foram movimentadas em trens. O volume 
corresponde a 27,4 milhões de toneladas. Dessa parcela, a maior parte – 
26,5 milhões de toneladas, o equivalente a 96,8% – chegou das zonas 
produtoras e seguiu para o embarque no cais. As principais mercadorias 
transportadas pelo modal foram o açúcar, com 8,1 milhões de toneladas, o
 milho, com 6,6 milhões de toneladas, e a soja em grãos, com 5,6 milhões
 de toneladas.
	Em portos internacionais, principalmente os de primeiro mundo, o 
percentual de cargas transportadas por ferrovias é muito maior. "O ideal
 é que tenhamos um terço de utilização para cada segmento (de 
transporte), mas ainda estamos engatinhando no modal hidroviário e pouco
 utilizamos o ferroviário”, destacou Sérgio Aquino.
	Para o secretário de Assuntos Portuários e Marítimos de Santos, os 
investimentos em linhas férreas que poderão surgir e o consequente 
aumento da capacidade desse tipo de transporte no cais santista forçarão
 as instalações portuárias a investir para garantir o recebimento dessas
 cargas.
	"Uma coisa importante é a necessidade dos terminais ampliarem suas 
capacidades de recepção de vagões. Alguns só podem receber 30% de suas 
cargas e outros, só quando não há recebimento de caminhões. Se queremos 
ampliação, precisamos cobrar que as instalações recebam essas cargas”, 
afirmou José Eduardo Lopes.
	Hoje, segundo o representante da Prefeitura de Santos,este desinteresse
 de adequação dos terminais pode provocar a transferência de 
investimentos em ferrovias de Santos para o Porto de Paranaguá (PR). "O 
importante é que a iniciativa de investir no modal ferroviário contribui
 grandemente para um salto na capacidade e que alcancemos patamares mais
 maduros, objetivos, desafiantes e, mesmo assim palpáveis”. A TRIBUNA
		












